o caminho do meio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Caminho_do_Meio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nobre_Caminho_%C3%93ctuplo
Exercitando o Caminho do Meio
Caminho do Meio é um conceito budista milenar. Nele, o indivíduo encontra total equilíbrio e controle sobre si e seus comportamentos e impulsos diariamente.
Embora seja um termo que retrate moderação e autocontrole em relação à maneira de viver das pessoas, o Caminho do Meio não deve ser interpretado como uma atitude passiva em relação aos desafios da vida, muito menos conformista. Praticar esse conceito significa viver a partir da Realidade, a partir de uma visão correta da vida e de como ela é e agir de acordo com isso.
Encontrando o Caminho do Meio
A psicologia budista não é um caminho de negação nem de afirmação. Mostra-nos o paradoxo do universo, dentro e além dos opostos. Ensina-nos a estar no mundo, mas não ser do mundo. Essa percepção é chamada de caminho do meio.
“Há um meio-termo entre os extremos da indulgência e da abnegação, a liberdade da tristeza e do sofrimento. Este é o caminho para a paz e a libertação nesta mesma vida.”
Se buscamos a felicidade puramente pela indulgência, não somos livres. Se lutamos contra nós mesmos e rejeitamos o mundo, não somos livres. É o caminho do meio que traz liberdade. Esta é uma verdade universal descoberta por todos aqueles que despertam.
O caminho do meio descreve o meio-termo entre apego e aversão, entre ser e não ser, entre forma e vazio, entre livre arbítrio e determinismo. Quanto mais mergulhamos no caminho do meio, mais profundamente descansamos entre o jogo dos opostos.
“Não há avanço, nem retrocesso, nem ficar parado”.
Para descobrir o caminho do meio, “Tente estar atento e deixe as coisas seguirem seu curso natural. Então sua mente ficará quieta em qualquer ambiente, como uma piscina clara na floresta. Todos os tipos de animais maravilhosos e raros virão beber na piscina, e você verá claramente a natureza de todas as coisas. Você verá muitas coisas estranhas e maravilhosas irem e virem, mas você ficará quieto. Esta é a felicidade do Buda.”
Aprender a descansar no caminho do meio requer confiança na própria vida. É como aprender a nadar. Lembro-me quando estava a cursar a faculdade, na primeira aula do estágio obrigatório (natação) na piscina. Lembro de um garoto (7 ou 8 anos) o qual eu fiquei encarregado de auxiliar, que não conseguia se manter à tona (boiar). Ele era muito magro, e estava trêmulo, se debatendo. Lembro que conversei com ele para acalma-lo e lhe disse que era só confiar em mim que eu ia ajuda-lo. Não foi nesse dia/aula. Mas na terceira aula, houve um momento mágico (chamo assim pois foi o que senti por ele ter finalmente confiado em mim e se deixado levar por essa energia), quando ele se permitiu ser segurado/conduzido por mim e depois solto. E sei que ele deve ter percebido após ser solto, que a água o segurar e que ele poderia flutuar. E isso aconteceu porque ele começou a confiar. E é assim no caminho do meio. Confiando no caminho do meio, há uma facilidade e graça, um conhecimento celular de que também podemos flutuar no oceano em constante mudança da vida que sempre nos manteve.
Os ensinamentos budistas nos convidam a descobrir essa facilidade em todos os lugares: na meditação, no mercado, onde quer que estejamos. No caminho do meio, descansamos na realidade do presente, onde existem todos os opostos. T. S. Eliot chama isso de “ponto imóvel do mundo que gira. Nem carne nem sem carne;/Nem de nem para; . . . nem prisão nem movimento”. O sábio Shantideva chama o caminho do meio de “completa facilidade não referencial”. O Texto da Sabedoria Perfeita o descreve como “realização da talidade além da obtenção do bem ou do mal, sempre presente em todas as coisas, tanto como o caminho quanto a meta”.
O que essas palavras misteriosas significam? São tentativas de descrever a alegre experiência de sair do tempo, de ganhar ou perder, de dualidade. Eles descrevem a capacidade de viver na realidade do presente.
“O caminho do meio não vai daqui para lá. Vai de lá para cá.” O caminho do meio descreve a presença da eternidade. Na realidade do presente, a vida é clara, vívida, desperta, vazia e ainda cheia de possibilidades.
Quando descobrimos o caminho do meio, não nos afastamos do mundo nem nos perdemos nele. Podemos estar com toda a nossa experiência em sua complexidade, com nossos próprios pensamentos, sentimentos e dramas. Aprendemos a abraçar a tensão, o paradoxo, a mudança. Em vez de buscar resolução, esperando o acorde no final de uma música, nos deixamos abrir e relaxar no meio. No meio, descobrimos que o mundo é viável.
Grato por ter chegado até aqui.
Segue as suas paixões e aquilo que ama.
Segue aprendendo, assimilando e aplicando.
RVM